Núcleo nazista na comunidade alemã de Itoupava no Vale do Araranguá.
O estado de Santa Catarina é o estado brasileiro que teve o maior número de colonização alemã. Fugindo da crise na Europa no final do século XIX alemães começaram a imigrar para o Brasil, povoaram o Sul brasileiro e o Sudeste.
Na região do Vale de Araranguá no sul catarinense no século XX se tem a formação de uma colônia alemã na região, a comunidade de Itoupava.
É claro que os alemães e seus descendentes mantinham relações com seu país de origem. Na década de 1930- 1940 tem registros de núcleos e partido nazista no estado de Santa Catarina. Com a campanha de nacionalização do estado novo a partir de 1942, os estrangeiros do eixo (alemães, japoneses e italianos) são perseguidos em todo o Brasil. A perseguição ao partido nazista no Brasil é anterior a 1942, é da década de 1937 quando Getúlio Vargas proíbe os encontros do partido nazista e suas atividades no Brasil. Mas somente depois de 1942 que os alemães, italianos e japoneses vão ser presos em campos de concentração e sofrer tortura pela polícia.
Segundo os documentos policiais da época de 1940, no período da segunda guerra mundial e de entrevistas de memorialistas, ou seja, moradores da comunidade daquele tempo, na comunidade do interior do Vale de Araranguá, Itoupava, havia um núcleo simpatizante com o nazismo, não podemos dizer que todos alemãs ali residentes eram nazistas, mas existe registros e indícios de alguns moradores da pequena comunidade.
Os alemães em grande escala apoiaram o nazismo na Alemanha, muitos veneravam Adolf Hitler, por ter os dado o emprego e dobrado o salário, ou seja, deu dignidade ao povo alemão. Claro que todas as colônias brasileiras alemãs em Santa Catarina, houve simpáticos ao nazismo.
Havia também muitos alemães que eram filiados ao partido nazista e apoiava financeiramente.
Segundo o memorialista João Francisco Arnaldo, que era filho de alemães natos, "em Araranguá a comunidade alemã de Itoupava, era um núcleo simpatizante ao nazismo".
Lembra Arnold a perseguição e prisão de seu pai pela polícia:
"No dia anterior a viagem dele, a Polícia esteve mais uma vez em nossa casa
à procura de algum material subversivo, ou quem sabe, de grande risco para
segurança nacional, e confiscaram todos os escritos em língua alemã, livros,
revistas, jornais, tudo e até cartas que meu pai recebia da Alemanha, de seus
parentes, escapando apenas uns poucos livros que eu havia guardado no
paiol, e entre estes um Liederbuch editado pelo Partido Nacional Socialista
da Alemanha, e que todos os confinados haviam comprado para poderem
cantar em suas reuniões no clube dos hinos de louvor ao Reich."(ZANELATTO, GONÇALVES, pág. 13).
Na igreja luterana havia um pastor Fritz Göhering que era alemão nato, chegou na região em 1935, segundo os documentos policiais o delegado de Araranguá Elói José Rosa acusa Göhering de suspeito de ter ligações com o partido nazista na Alemanha. O pastor foi preso no campo de concentração de Timbé do Sul, e enviado para a penitenciária de Trintade em Florianópolis, no campo de Florianópolis iam presos os presos politicos, ou seja, os alemães afiliados ao partido nazista.
Segundo a lista do campo de Florianópolis de internados alemães com ligações ao partido nazista, Göhering é o único morador do vale de Araranguá que aparece na lista.
Mas os documentos policiais de Araranguá deste tempo, o delegado Rosa acusa também Gustav Blumme, um alemão morador de Itoupava.
Segundo as memórias de João Arnald, Gustav Blumme era um ex- oficial aposentado do exército alemão, participou da primeira guerra mundial, do lado da Alemanha, no período de 1914-1918. Segundo relatos de moradores de Itoupava Blumme era nazista.
"Ainda sobre Gustav Blumme e os alemães residentes em Itoupava, o texto de João
Francisco Arnold enfatiza:
Praticamente todos os imigrantes eram assinantes do jornal semanário em
língua alemã, ou recebiam regularmente jornais e revistas diretamente da
Alemanha. Tinham ainda a seu favor uma biblioteca com mais de mil
volumes de livros para todos os gostos, e que ficava aos cuidados do seu
representante consular aqui em Itoupava II, o Sr. Gustav Blume. Os alemães
residentes aqui no Brasil, [...] se sentindo mal aceitos pelo povo nativo da
região, vendo os prodigiosos progressos que o Führer conseguia, passaram a
venerá-lo, e não foram poucos os que se inscreveram no “partido” do seu
herói, e como o número de inscrição no partido mandava [??] muito, com os
números mais baixos levando privilégios, a pressa de se inscrever
aumentava, e em pouco tempo tínhamos aqui em Itoupava II um núcleo de
valorosos defensores das ideias do seu fantasioso Führer. (ARNOLD, 1986, p.27-36-37)." (ZANELATTO, GONÇALVES, pág. 15).
Em toda Santa Catarina nas colônias alemães havia adoradores da ideologia nazista, na pequena comunidade do interior do Sul catarinense alemã de Itoupava também houve um núcleo que simpatizava com o progresso do Füher na Alemanha.
Referências:
As informações e entrevistas foram reiradas do artigo "Campos de concentração/confinamento no Vale do Araranguá durante a segunda guerra mundial" dos historiadores João Henrique Zanelatto e Renan Borges Gonçalves.
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