A democracia sentada nos bancos dos réus: violação dos direitos humanos dos súditos do eixo no Brasil.
A democracia sentada nos bancos dos réus: violação dos direitos humanos dos súditos do eixo no Brasil.
Obs: O artigo é uma resenha do capítulo quatro "Diplomacia constrangida" do livro Prisioneiros da guerra: Os súditos do eixo nos campos de concentração brasileiros (1942- 1945) da historiadora da USP Priscila Ferreira Perazzo. Acréscimo de alguns comentários de minha autoria.
A historiadora Priscila Ferreira Perazzo aborda que os aliados na época da segunda guerra mundial tinha uma retórica de exaltação do humanitarismo para com seus inimigos de guerra, e sobretudo de defensor dos direitos humanos, porém tiveram tratamento de violência aos súditos do eixo no Brasil.
Após 1942 quando o Brasil se alia aos aliados e declara guerra ao eixo, uma das imposições do Estados Unidos era a repressão dos imigrantes alemães, italianos e japoneses que representavam seus inimigos de guerra.
Havia alemães natos no Brasil que eram afiliados ao partido nazista, porém nem todos os imigrantes do eixo apoiavam o nazi fascismo.
A repressão aqueles que representava um perigo a segurança nacional, foi de campos de concentração até torturas pela polícia. Os campos de concentração sempre foram usados para afastar indivíduos indesejáveis da sociedade, a questão que a historiadora levanta é que os aliados e as autoridades brasileiras que defendiam a democracia e os direitos humanos tentaram vender uma imagem através da mídia internacional em que não houve violência nesses campos de concentração, muitas reportagens em jornais brasileiros e internacionais, com uso de imagens dos presos, tentando demonstrar que os campos de concentração brasileiros era uma colônia de férias.
Porém as famílias dos presos começaram a escrever cartas a embaixada espanhola que era responsável pelos estrangeiros alemães no Brasil, denunciando maus tratos dentro dos campos de concentração.
As queixas variavam desde a impossibilidade de visitar os presos, pedidos de solturas para os estrangeiros por questões financeiras, falta de atendimento médico, falta de camas para todos os presos, mau alimentação e os campos era lugares insalubres e sem higiene, além de sofrerem tortura principalmente por parte da polícia.
Segundo Perazzo o cônsul espanhol veio até os campos de concentração brasileiros averiguar á situação dos presos de guerra, onde conversou com os próprios alemães onde relataram a sobrevivência sub humana e de tortura que estavam submetidos pelo governo brasileiro.
A Alemanha ameaçou as autoridades brasileiras de fazer a mesma coisa com os presos brasileiros, se caso as autoridades brasileiras não tomassem providências.
Os aliados e o Brasil sempre negaram os maus tratos, e sustentavam o discurso de que os campos de presos de guerra dos aliados eram pautados nas regras do direito internacional humanitário, enquanto os campos do eixo não respeitava o direito internacional e cometia atrocidades no confinamento.
A resposta a Alemanha e a embaixada espanhola, foi um inquérito do gabinete do exterior em que diziam que apenas as pessoas que tinham envolvimento com o nazismo e espiões foram presos, porém os os imigrantes iam presos antes de serem julgados, além de negarem os maus tratos alegando que os campos de concentração tinham boas condições de sobrevivência.
Diferente do cônsul espanhol que constatou de perto as queixas de alemães, as autoridades catarinenses e o delegado da cruz vermelha internacional visitaram os campos e disseram que os presos eram muito bem tratados, seus depoimentos foram manchetes de jornais nacionais e internacionais desmentindo os maus tratos e tortura vividos nos campos brasileiros.
Para autora "As autoridades brasileiras justificavam criando mitos ou construções de imagens estereotipadas como uma colônia de férias". (PERAZZO, pág. 248).
Claro que os testemunhos se contradiziam, com certeza os aliados e as autoridades brasileiras tinham intenção de passar a imagem de democracia e direitos humanos, justificando seus crimes, mas os testemunhos das cartas espanholas, e das vítimas relatam um tempo de tortura policial, maus tratos, humilhação e miséria. A autora ainda enfatiza que os estrangeiros foram alvo de racismo, pelas autoridades brasileiras.
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