A exploração da memória do holocausto na construção da identidade de Israel.
O movimento sionista surge no final do século XIX na Europa, com o objetivo de criar a nação de Israel na Palestina, pois defendem que é uma profecia bíblica o retorno dos judeus a terra santa (Palestina). Pois propõem unir todos os judeus espalhados pelo mundo em uma única nação, pois estavam espalhados por diversos países, onde eram hostilizados, perseguidos e mal recebidos.
Desde o início judeus ultra ortodoxo reprovam a formação de uma nação israelita na Palestina, pois o projeto sionista consistia construir uma sociedade socialista moderna na terra santa, pois muitos sionistas são ateus e marxistas, contrariando os ensinamentos da religião judaica.
Após a segunda guerra mundial, o sionismo se apropria da memória do holocausto, ou seja, o genocídio em massa de judeus durante a segunda guerra mundial liderado pelo estado nazista, em proveito da concretização do projeto sionista de criação do estado de Israel.
Os relatos e testemunhos de judeus sobreviventes do holocausto afirmam que não querem lembrar do episódio, então porque a necessidade de os israelitas evidenciar o evento o tempo todo?
O holocausto é relembrado de diversas formas, através do feriado nacional, como livros e museus, segundo o historiador francês Pierre Vidal- Naquet "o dia da shoa" é uma comemoração do massacre (1988, p. 187-188), o motivo é eminentemente político, pois a identidade de Israel perpassa pelo ódio eterno aos judeus.
Segundo a dissertação de mestrado do professor da UFG Narcizo (2012) "A história do holocausto entre os exaltadores e negadores do holocausto: uma análise da disputa em torno da construção da história do holocausto" afirma que o holocausto teve poder aglutinador político de judeus na Palestina por estar fugindo da perseguição nazista, pois o holocausto facilitou a entrada de judeus na Palestina, usando o evento como desculpa a invasão e a violência à Palestina.
O termo 'Holocausto" é cunhado pelo teólogo Elie Wiesel para designar apenas o genocídio judeu, porém não foram apenas judeus que foram perseguidos pelo estado nazista, então porque os israelitas constroem suas narrativas criando uma exclusividade apenas para os judeus acerca do genocídio hitlerista?
A resposta é interesses políticos, certamente o evento é utilizado pelos israelitas para justificar a violência aos palestinos, além de criarem a identidade de Israel a partir do ódio de todos contra os judeus.
Porém ao mesmo tempo que os israelitas constroem a identidade de Israel a partir do antisemitismo, mantém postura racista com outros povos, ainda usam do seu poder político e do antissemitismo histórico para reprimir todos aqueles que se opõe a seus atos de violência contra os palestinos.
O estado de Israel é construído a partir de uma identidade de ódio aos judeus e antisemitismo, porém o projeto sionista perpassa por uma missão civilizadora em nome da expansão capitalista que resultou em genocídios, conquistas e racismos.
Referências:
GUERTZENTEIN, Daniela Susana Segre. Judaísmo Ortodoxo e sionismo: Plurismo Clerical e securização.
MORAES, João Quartum. As conexões do sionismo com o colonialismo, fascismo e racismo.
NARCIZO, Makchwell Coimbra. A negação da shoa na história: uma análise dos trabalhos "negacionistas" enquanto história e o problema da administração da memória.
REHEM, David Costa. O antissemitismo: ou a necessidade de se discutir formas de opressão baseadas no preconceito racial. XXVII Simpósio de história ANPUH.
SHAIM, Avi. A muralha de ferro: Israel e o mundo árabe.
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